Não é facil envelhecer.
Se olhar no espelho e não reconhecer sua outrora deslumbrante beleza jovial.
Procurar o viço da juventude entre os escombros do tempo que passou, impiedoso.
Os cabelos branquinhos entregam os dias, meses, anos, décadas que não voltarão mais. Sete décadas e mais quatro anos duramente percorridos.
Não houve carona nem trégua. O percurso é solitário, pessoal e intransferível. Pernas cansadas, pés exaustos.
O pó da estrada de uma longa vida cobre a sua pele.
Só seus belos olhos verdes permanecem limpos, límpidos, atentos.
É como se eles ainda esperassem assistir o desfecho triunfal de uma história assistida, uma ultima dança, um por do sol de perder o fôlego, um olhar, um afago, o amor.
Aos 74 quase tudo passou.
Mas nos lindos olhos verdes ainda restam memórias, alguns sonhos, criatividade, brincadeira, curiosidade, beleza, fantasia.
Optar pela leveza de quem ja realizou e de quem não precisa mais provar nada a ninguém. Já se pode voltar a brincar, sem medo de errar.
Viver, a partir de agora é contemplar.
Toda a bagagem, o sofrimento, a tristeza, o lamento já não cabem no percurso, nem nas costas. É tempo de optar, deliberadamente, pela ausência de fardos.
Para quem resistiu e existiu até agora, é hora de transformar a própria vida em exemplo. Exemplo de mulher, filha, mãe, menina que venceu a dor e o tempo e ousou ser feliz.
Felicidade é uma escolha diária.
Aos 74 essa escolha se torna a única opção plausível, justificável.
Seja feliz hoje e sempre. Feliz aniversário mamãe.
❤